2006-08-09

“Não se preocupe por não poder dar aos seus filhos o melhor de tudo... Dê-lhes o seu melhor.”

Certo dia, uma mulher chamada Ana foi renovar a sua carta de condução.

Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.
O funcionário insistiu: "o que eu pergunto é se tem uma ocupação, um trabalho."

"Claro que tenho um trabalho", exclamou Ana. "Sou mãe."

"Nós não consideramos isso um trabalho. Vou por dona de casa", disse o funcionário friamente.

Uma amiga de Ana, a Marta, soube do que se passara e, durante algum tempo, meditou no assunto.

Num determinado dia, encontrou-se em situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.

O formulário parecia enorme, interminável.

A primeira pergunta foi: "qual é a sua ocupação?"

Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:

"Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas."

A funcionária fez um ar de estupefacção e Marta repetiu palavra a palavra a sua afirmação.

Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou perguntar:

"Posso saber, o que é que a senhora faz exactamente?"

Sem qualquer hesitação, em tom firme, com muita calma, Marta explicou: "Desenvolvo um programa a longo prazo, dentro e fora de casa."

Pensando na sua família, ela continuou: "sou responsável por uma equipa e já recebi quatro projectos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, por vezes mesmo de 24 horas."

À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.

Quando regressou a casa, Marta foi recebida pela sua equipa: três meninas de 13, 7 e 3 anos.

Subindo ao andar de cima da casa, ouviu o seu mais jovem projecto, um bébé de seis meses, a ensaiar um conjunto de novas sonoridades.

Feliz, Marta tomou o bébé nos braços e pensou na glória da maternidade, suas múltiplas responsabilidades e horas intermináveis de dedicação...

"Mãe, onde estão os meus sapatos? Mãe, ajuda-me a fazer os deveres? Mãe, o bébé não para de chorar. Mãe, vai-me buscar à escola? Mãe, vai à minha aula de ballet? Mãe, compra-me…? Mãe...?"

Sentada na cama, Marta pensou: "se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?"

E logo descobriu um título para elas: doutoras-sénior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.

As bisavós, doutoras executivas-sénior.

As tias, doutoras-assistentes.

E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: doutoras na arte de tornar a vida melhor.

Num mundo em que se dá tanta importancia aos títulos,
em que se exige sempre especialização nas mais diversas áreas profissionais,


torna-te um(a) especialista na arte de amar.

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