2007-07-17

E lá vão 14 anos...

..:: Bodas de Marfim ::..

“O conselho divino diz que é melhor serem dois do que um e quando os dois são, na verdade, um em propósitos, objectivos e intimidade, as lutas podem tornar-se em vitórias ou se houver derrotas, o ânimo é recobrado pela força dos dois.”

Amor Maduro

O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.

Não carece de demonstrações:
presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas:
amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro somente aceita viver
os problemas da felicidade.
Problemas da felicidade
são formas trabalhosas de
construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade
não interessam ao amor maduro.

O amor maduro cresce na verdade
e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida
e a sua incompletude, por isso é pleno
em cada ninharia por ele transformada em paraíso.

É feito de compreensão,
música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto
e a forma adulta de ser sublime e criança.

O amor maduro não disputa,
não cobra, pouco pergunta,
menos quer saber.

Teme, sim.
Porém, não faz do temor,
argumento.

Basta-se com a própria existência.
Alimenta-se do instante presente valorizado
e importante porque redentor
de todos os equívocos do passado.

O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar,
é o sentimento que se manteve mais forte
depois de todas as ameaças, guerras ou
inundações existenciais com epidemias de ciúme.

O amor maduro é a valorização do melhor
do outro e a relação com a parte salva
de cada pessoa.

Ele vive do que não morreu
mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou
criando dimensões novas para sentimentos antigos,
jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá.
Não pergunta, adivinha.


Existe, para fazer feliz.
Só teme o que cansa,
machuca ou desgasta.


( Autor Artur da Távola )

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