2006-08-03

A boneca


Fui ao centro comercial comprar umas prendas que me faltavam.
Quando vi todas aquelas pessoas comecei a reclamar comigo mesmo:
"Isto vai demorar imenso e ainda tenho tantas coisas para fazer e outros lugares para ir.
Como gostava de poder deitar-me, dormir e só acordar depois de ter passado esta barafunda toda.

Sem dar conta, dirigi-me à secção de brinquedos e comecei a apreciar os preços e a questionar-me se as crianças realmente brincam com brinquedos tão caros.

Enquanto olhava os brinquedos, reparei num menino de mais ou menos 5 anos que abraçava uma boneca, contra o peito. Ele acarinhava o cabelo da boneca e admirava-a com um olhar tão triste, que tentei imaginar para quem seria aquela boneca que tanto apertava. O menino virou-se para senhora que estava junto dele e perguntou:

"Avó, tens a certeza que eu não tenho dinheiro suficiente para comprar esta boneca ?“

A senhora respondeu meigamente:

“Sabes que o teu dinheiro não é suficiente, meu querido !"

Perguntou de seguida ao menino se ele podia ficar ali a olhar para os brinquedos por mais 5 minutos, enquanto ela ia ver outras coisas.O menino disse que sim e continuou a segurar a boneca nas suas mãos.

Intrigado, comecei a andar na sua direcção e perguntei-lhe a quem queria dar aquela boneca. Ele respondeu:

"Esta é a boneca que a minha mana mais adorava. Ela acreditava que o nosso papá lha daria este ano.”

Eu disse então:

"Não fiques preocupado, acho que ele irá dar a boneca à tua irmã."

Mas ele, triste, disse-me:

"Não, o papá não poderá levar-lhe a boneca onde ela está. Tenho que dar a boneca à minha mamã e ela sim, poderá dar a boneca à minha mana quando for para perto dela."

Os seus olhos encheram-se de lágrimas enquanto falava:

“A minha mana teve que ir embora para sempre. O papá disse-me que a mamã também irá embora para perto dela, em breve. Então pensei que a mamã poderia levar a boneca e entregá-la à minha mana.".

O meu coração parou de bater. Aquele menino olhou para mim e disse:

"Eu disse ao papá para dizer à mamã para não ir ainda. Pedi-lhe para que ela esperasse até eu voltar do mercado."

Depois mostrou-me uma foto muito bonita dele a rir e disse-me:

"Eu também quero que a mamã leve esta fotografia, assim ela não se esquecerá de mim. Eu amo muito a minha mamã e não quero que ela parta agora, mas o papá disse que ela tem que ir para ficar com a minha maninha."

Calou-se e ficou a olhar para a boneca com os olhos tristes e muito quieto. Eu rapidamente procurei a minha carteira, peguei nalgumas notas e disse-lhe:

"E se contássemos novamente o teu dinheiro, só para termos certeza se tens a quantia suficiente para comprar a boneca?"

Juntei as minhas notas ao dinheiro dele, sem que se apercebesse e começámos a contar. Depois de contado, o dinheiro dava para comprar a boneca e ainda sobravam alguns trocos. O menino elevou os olhos e orou:

"Obrigado SENHOR por atenderes ao meu pedido e teres-me dado dinheiro suficiente para comprar a boneca".

Depois olhou para mim e revelou-me:

"Ontem antes de dormir, pedi a DEUS que fizesse com que eu tivesse dinheiro suficiente para comprar a boneca e assim a mamã a poder levar. ELE ouviu-me ... e eu também queria dinheiro para comprar uma rosa amarela para a minha mamã, mas não ousei pedir-LHE mais nada. ELE foi meu Amiguinho e deu-me o dinheiro suficiente para comprar a boneca e a rosa amarela.

Sabe, a mamã adora rosas amarelas. Uns minutos depois a avó voltou e eu fui-me embora sem ser notado. Terminei as compras num estado de espírito totalmente diferente daquele com que havia começado. Entretanto, não consegui tirar aquele menino do meu pensamento.

Lembrei-me então de uma notícia no jornal local, já com dois dias, que divulgava que um homem bêbado, numa camioneta, tinha batido num carro onde seguiam uma jovem senhora e uma menina pequena. A criança havia falecido de imediato. A mãe estava em estado grave no hospital e a família já havia decidido desligar as máquinas, uma vez que ela não sairia do estado de coma em que se encontrava.

Questionei-me se não seria a família daquele menino?

Dois dias após aquele meu encontro, li no jornal que a jovem senhora havia falecido. Não consegui conter-me e saí para comprar um ramo de rosas amarelas, indo de seguida ao velório daquela jovem.

Ela segurava uma linda rosa amarela nas suas mãos, junto com a fotografia do menino e a a boneca.

Deixei o local a chorar, sentindo que a minha vida tinha mudado para sempre.

O amor daquele menino pela sua mãe e irmã continua gravado na minha memória até hoje. É difícil acreditar e imaginar que, numa fracção de segundo, um bêbado tenha tirado tudo àquele menino.

Agora tens duas opções:

1. Apaga a história da tua mente e faz de conta que ela não te tocou bem no fundo.
2. ou então divulga-a a todos que conheces.
Se a divulgares, talvez ajudes aquelas pessoas que bebem e conduzem de seguida, a pensarem um pouco mais, evitando-se assim os acidentes que acontecem no estado de embriaguez ou euforia alcoólica.

1 comentário:

Anónimo disse...

Very nice site! » » »